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Nos últimos dias um acordo bilionário anunciado pela Netflix para aquisição da Warner Bros Discovery chamou a atenção do mercado. Primeiro pelo valor: a aquisição dos estúdios e unidade de streaming da Warner, a HBO Max, custará US$ 82,7 bilhões. Segundo, pela concentração que deve provocar no mercado: o HBO Max, unidade de streaming da Warner, é um dos principais concorrentes da Netflix. Tanto que a transação está pendente de aprovação regulatória e até o presidente americano Donald Trump demonstrou preocupação com o impacto do negócio no segmento.
O clima, que já estava tenso, ficou ainda mais: analisando o potencial impacto negativo da união dos concorrentes para a sua própria operação, a Paramount, dona do streaming Paramount+, também manifestou o seu interesse em comprar a Warner Bros. Discovery, adicionando US$ 25,8 bilhões à oferta da Netflix, o que totaliza uma proposta de US$ 108,4 bilhões. A oferta inclui unidades de negócio como a CNN, que não estariam previstas no acordo com a Netflix. A proposta foi considerada hostil. Mas afinal, o que significa isso?
O que é oferta hostil?
O nome já denota: oferta hostil não tem o apoio ou consentimento da administração da empresa que é alvo da operação, no caso, a Warner Bros Discovery. Enquanto a Netflix e a Warner Bros Discovery estavam costurando um acordo há semanas, as propostas feitas pela Paramount não despertaram o interesse da companhia que está sendo negociada. Portanto, o objetivo ao fazer uma oferta agressiva publicamente, ainda mais após o anúncio de um acordo da Warner com outra empresa, é dissuadir seus acionistas a aceitá-la, driblando a aprovação da gestão.
Enquanto a oferta da Paramount pagará aos acionistas da Warner US$ 30 por ação, a da Netflix pagará US$ 27,75. Como a administração da Warner Bros Discovery tem o dever fiduciário de zelar por seus acionistas, a proposta hostil a coloca em uma situação difícil.
Consideradas raras no mercado (representam de 10% a 15% do total de fusões e aquisições), ofertas hostis podem durar anos até que sejam concluídas, visto que podem gerar batalhas na justiça.
Por que é feita a oferta hostil?
Geralmente, a oferta hostil é o último recurso de uma empresa ante a falta de interesse da empresa que é alvo da operação por suas propostas.
Ainda que possa ser uma operação lucrativa, a falta de interesse da empresa alvo na venda para determinadas empresas pode estar relacionada a diversas questões, desde um desalinhamento de estratégia sobre o futuro do negócio até questões políticas e geopolíticas.
Um exemplo é quando empresas valiosas de um determinado país recebe ofertas de multinacionais estrangeiras. Quando essas empresas lançam mão do artifício da oferta hostil, até o governo local costuma se mobilizar. Foi o caso da compra da Cadbury pela Kraft em 2010. Após a transação, as leis sobre aquisições de empresas no país foram atualizadas.
Em alguns casos, ofertas que começam hostis podem se tornar amigáveis. Um exemplo foi a aquisição da Anheuser-Busch pela InBev por US$ 52 bilhões, concluída em 2008.
Outros exemplos de ofertas hostis
- Compra da Genzyme pela Sanofi-Aventis por US$ 20 bilhões (2011)
- Compra da PeopleSoft pela Oracle por US$ 10,3 bilhões (2005)
- Compra da alemã Mannesmann pela britânica Vodafone por US$ 180 bilhões (2000)
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