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2026 será um ano marcado pelas eleições presidenciais brasileiras, o que eleva o grau de incertezas no cenário macroeconômico. Enquanto as dúvidas sobre quem irá participar da corrida pelo cargo máximo do país e detalhamento da equipe econômica dos candidatos não são sanadas, o que irá definir o rumo da economia brasileira no ano que vem será o comportamento do dólar.
A tendência é que a divisa americana permaneça fraca no ano que vem, o que valoriza o real e sustenta a economia brasileira, aponta David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (BofA). O real mais valorizado reduz a inflação, barateia importados e melhora o poder de compra de empresas e consumidores.
Beker explica que o balanço de pagamento brasileiro não determina que o câmbio esteja onde está, mas, sim, o cenário externo e o nível atual dos juros, que incentiva operações de carry trade em um momento no qual muitas economias reduziram suas taxas. Ou seja, o motivo para a fraqueza do dólar vem de fora.
Juros brasileiros de 15% ao ano são atrativos para operações de diferencial de juros porque oferecem um retorno superior ao das economias avançadas. Nestas operações, investidores tomam dinheiro em países com juros baixos (como EUA, Europa ou Japão) e aplicam em ativos brasileiros, capturando esse diferencial das taxas. Quanto maior a diferença de juros, maior o ganho potencial, especialmente se o câmbio estiver estável ou se valorizando, o que reduz o risco de perda.
Beker ressalta que grande parte do movimento de fraqueza do dólar, já aconteceu desde que o presidente Donald Trump foi eleito, mas acredita que a moeda americana continuará desvalorizada em um patamar que continua favorável para mercados emergentes, como o Brasil. O dólar mais fraco é parte da política do presidente americano porque torna produtos dos EUA mais competitivos no exterior e pode, na teoria, fortalecer a indústria.
Considerando esse cenário, veja abaixo as perspectivas de Beker, do BofA, para os juros, inflação e PIB no Brasil em 2026:
Juros
Após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir manter os juros em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva e não dar uma sinalização de quando poderá iniciar um ciclo de corte de juros, David Beker, chefe de economia para Brasil e de estratégia para América Latina do Bank of America (BofA), continua a acreditar que 2026 irá começar com um corte de 0,5 ponto percentual na taxa. A projeção do banco é de que a Selic termine 2026 em 11,25%.
O comunicado de ontem reconheceu a desaceleração observada na recente divulgação dos dados do PIB, mas não a enfatizou. Contudo, Beker mantém sua visão, visto que o conselho manteve a expectativa de que a política monetária continue dependente dos dados econômicos. “Estou menos confortável com essa decisão, mas ainda vejo espaço para que possa acontecer”.
Inflação
Beker prevê que o índice de preços IPCA desacelere de 4,5% em 2025 para 4% em 2026. Ou seja, apesar da queda, ainda encerrará o ano acima da meta do Banco Central.
No cenário externo, a China vem colaborando para pressionar os preços para baixo globalmente ao exportar bens manufaturados, como veículos, para diversos países.
PIB
Beker que o PIB desacelere de 2,5% em 2025 para 2% em 2026, já incluindo efeitos como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Na sua visão, os resultados do PIB no 3º trimestre de 2025 confirmam a desaceleração econômica em curso, com uma queda acentuada no crescimento em relação ao ano anterior. Além disso, o arrefecimento do setor de serviços sugere que uma política fiscal menos expansionista e uma política monetária restritiva estão afetando cada vez mais os setores resilientes.
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