O índice futuro do Ibovespa hoje opera em leve alta nesta terça-feira (6) em meio à temporada de balanços corporativos, enquanto o mercado financeiro espera a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para amanhã. O indicador opera na contramão dos principais índices futuros do mercado americano, que recuavam após balanço decepcionante da Ford antes dos dados da balança comercial dos EUA e do testemunho do Secretário do Tesouro estadunidense, Scott Bessent.
Por volta das 9h, o indicador futuro da Bolsa subia 0,29%, a 135.665 pontos. No mesmo horário, o Dow Jones futuro caía 0,63%, o S&P 500 recuava 0,73%, O Nasdaq avançava 0,93%. O mercado americano está atento a decisão de juros pelo Federal reserve (Fed, o banco central americano), que deve manter a taxa de juros do país entre 4,25% e 4,5% ao ano. Ontem, a Ford divulgou um tombo no lucro e suspendeu seu guidance (projeções) por incertezas ligadas à política tarifária do governo de Donald Trump. No after hours (pós-mercado), a ação da montadora caiu 2,46%.
No Brasil, há expectativa para a reunião do Copom, que deve elevar a taxa básica da economia, a Selic, em 0,25 ponto porcentual ou 0,50 ponto porcentual. Com o mercado divido, esse pode ser um dos fatores que podem pesar no Ibovespa hoje e nos próximos dias.
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A agenda desta terça-feira traz mais um dia da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos Estados Unidos. Ele tem mesa-redonda com executivos do setor de inteligência artificial (IA), às 13 horas. A S&P Global publica o PMI composto de abril (10h). O Tesouro faz leilões de NTN-B e LFT (11h). Também nos EUA, o secretário do Tesouro testemunha perante um painel da Câmara dos Representantes (11h). A balança comercial dos EUA de março sai ainda pela manhã. Entre os balanços corporativos, foco nos números de Caixa Seguridade (CXSE3), Prio (PRIO3) e Vibra Energia (VBBR3).
Temporada de balanços pode dar o tom do Ibovespa hoje
Na temporada de balanços da última noite, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) reportou prejuízo líquido continuado de R$ 93 milhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado equivale a uma redução de 77% frente ao prejuízo apurado um ano antes. Para o diretor de Finanças da varejista, Rafael Russowsky, a melhora de R$ 313 milhões no balanço está relacionada a redução de provisões com acordos tributárias e reversão de provisão relacionada ao processo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) de 2022, após acordos.
Já os resultados do primeiro trimestre da Embraer (EMBR3), divulgados há pouco, não foram afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos, destacou a empresa. Diante desse cenário, a fabricante de aeronaves reiterou projeções financeiras e operacionais para este ano. A Embraer registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 428,5 milhões no primeiro trimestre de 2025, ampliando a cifra negativa de R$ 63,5 milhões registrada no mesmo período de 2024.
A Embraer reforçou a estimativa de receitas de US$ 7 bilhões a US$ 7,5 bilhões, o que representaria uma alta de 13% em relação a 2024. A projeção para a margem Ebit (lucro antes dos juros e impostos) ajustado se manteve entre 7,5% e 8,3%. A expectativa de fluxo de caixa livre ajustado de US$ 200 milhões ou maior também foi reforçada pela companhia.
Já o lucro líquido da BB Seguridade (BBSE3) no primeiro trimestre de 2025, de R$ 1,995 bilhão, veio 6,1% abaixo da média das estimativas das seis casas (BTG Pactual, Itaú BBA, JPMorgan, Citi, Goldman Sachs e Safra) consultadas pelo Prévias Broadcast, que era de R$ 2,125 bilhões.
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Em 12 meses, o resultado da seguradora cresceu 8,3% graças ao crescimento do resultado financeiro da Brasilseg, a seguradora do Grupo, bem como devido à queda na sinistralidade da carteira. Também houve contribuições vindas da BB Corretora, que distribui os produtos das investidas nos canais do Banco do Brasil (BBSA3), e da Brasilprev, impulsionada em especial pelo resultado financeiro. O balanço é um dos pontos que pode impactar o Ibovespa hoje.
Bolsas da Europa cai por questões políticas do bloco
As bolsas europeias operam em baixa na manhã desta terça-feira, à medida que preocupações com o cenário político na Alemanha se sobrepuseram a dados melhores do que o esperado. O líder conservador Friedrich Merz não conseguiu ser eleito chanceler do país.
Por volta das 9h30 (de Brasília), o índice pan-europeu Stoxx 600 recuava 0,22%, a 536,11 pontos. Contrariando as expectativas, Merz não obteve a maioria necessária para ser eleito chanceler da Alemanha, em uma primeira rodada de votação. A câmara baixa do Parlamento alemão, conhecida como Bundestag, tem 14 dias para eleger um candidato.
O choque político em Berlim acabou deixando dados europeus positivos em segundo plano. Os PMIs de serviços da zona do euro, da Alemanha e do Reino Unido foram todos revisados para cima, ainda que tenham apontado quedas em abril. Já a inflação ao produtor (PPI) do bloco ficou bem abaixo da expectativa na comparação anual de março.
No noticiário corporativo, destaque para a petrolífera britânica Shell, que está considerando adquirir a concorrente BP, também britânica, segundo a Bloomberg. No horário acima, a ação da Shell caía 1,8% em Londres, enquanto a da BP avançava 0,7%.
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Nesta manhã, a Bolsa de Frankfurt caía 0,81%, enquanto a de Paris recuava 0,48% e a de Londres cedia 0,14%. As de Milão, Madri e Lisboa, por sua vez, tinham respectivas perdas de 0,28%, 0,08% e 0,18%.
Mercado asiático fecha sem direção única
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam sem direção única nesta terça-feira, enquanto investidores avaliaram desdobramentos comerciais entre os EUA e países da região. Na China continental, o principal índice acionário chinês Xangai Composto subiu 1,13%, a 3.316,11 pontos, ao voltar de um feriado de três dias, interrompendo uma sequência de quatro pregões negativos. O menos abrangente Shenzhen Composto avançou 2,25%, a 1.958,73 pontos.
Em outras partes da Ásia, o Hang Seng teve alta de 0,70% em Hong Kong, a 22.662,71 pontos, também ao retornar de um feriado, enquanto o Taiex registrou baixa marginal de 0,05% em Taiwan, a 20.522,59 pontos. No Japão e na Coreia do Sul, os mercados não operaram hoje pelo segundo dia consecutivo em função de feriados.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, disse ontem à CNBC que os EUA estão “muito próximos de fechar alguns acordos” tarifários, ecoando falas de um dia antes do presidente Donald Trump de que poderão haver acordos já nesta semana. No fim da semana passada, quando os mercados chineses estavam fechados, Pequim sinalizou disposição de iniciar discussões tarifárias com o governo norte-americano.
Pesquisa da S&P Global/Caixin Media mostrou que o PMI de serviços chinês recuou de 51,9 em março para 50,7 em abril, atingindo o menor nível desde setembro do ano passado, em mais uma evidência do impacto das tarifas na segunda maior economia do mundo.
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Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho pela segunda sessão consecutiva. O S&P/ASX 200 teve ligeira baixa de 0,08% em Sydney, a 8.151,40 pontos.
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