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A partir do dia 16 de junho, a operação do Pix automático estará disponível para todos os usuários. O mecanismo promete simplificar ainda mais a maneira de pagar as contas — ele permite que despesas recorrentes a empresas, como contas de água, luz, academias, assinaturas, entre outros, sejam feitas automaticamente.
Na nova função, o cliente só precisa autorizar o pagamento uma vez pela área Pix do aplicativo do banco sem precisar repetir a operação a cada mês. Esses pagamentos serão processados automaticamente e a frequência poderá ser decidida entre semanal, mensal, trimestral ou anual.
Para José Barletta, diretor técnico da Ingenico, empresa de soluções de pagamentos, o Brasil já é reconhecido por sua liderança em sistemas de pagamentos instantâneos. “Com o lançamento, o país consolida sua posição ao permitir que essas operações sejam feitas de forma segura, diretamente da conta bancária do consumidor, sem a necessidade de intermediários”, afirma Barletta.
Segundo o Banco Central (BC), a funcionalidade tem como intuito oferecer a praticidade do Pix e mais inclusão para consumidores e empresas na hora de quitar as contas. O CEO da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Leandro Vilain, afirma que a modalidade também deve auxiliar na organização financeira. “O Pix Automático representa mais um avanço ao promover agilidade e segurança”, comenta Vilain.
Porém, apesar dos benefícios, quais são os riscos e cuidados que devemos nos atentar para usar a novidade com segurança?
Ameaças e como se proteger
Na prática, os perigos do Pix automático são os mesmos do Pix tradicional. É necessário estar atento a golpes. Algumas instituições bancárias já têm ferramentas de alerta sobre transações suspeitas. Por exemplo, em alguns dispositivos não é permitido — ou só é permitido mediante autorização — realizar ou agendar um Pix enquanto a pessoa está em ligação.
Outro aspecto é ter cuidado ao revisar as condições da cobrança como, valor, frequência e destinatário. Verifique se os dados estão corretos antes de confirmar o pagamento. Para evitar surpresas, os aplicativos já possuem várias etapas de autenticação antes de realizar transferências de alto valor. Também será possível definir um limite máximo para os débitos automáticos com as quantias das cobranças, podendo ser fixos ou variar de mês para mês.
Para o recebedor, uma ferramenta em planejamento pelo BC é o Pix Garantia. Com ela, uma empresa que tem a previsão de recebimento de pagamentos por Pix ao longo do tempo poderá utilizar estes recebíveis como garantia para a tomada de crédito.
O BC destaca que a função mantém os mesmos padrões de segurança do Pix, incluindo autenticação, criptografia e rastreabilidade. Os débitos só ocorrem após autorização expressa, sendo possível ao cliente revisar, editar ou cancelar a autorização a qualquer momento. No caso de ocorrer algum problema, o usuário pode acessar o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do BC, que permite solicitar a devolução do dinheiro em duas situações principais:
- Golpe ou fraude: para pedir a devolução, é necessário que haja saldo na conta do recebedor, e o banco recebedor deve concordar que houve crime.
- Erro do banco pagador: situações como Pix Automático sem autorização, que não siga as regras definidas ou cuja autorização foi cancelada.
O BC já prevê um modelo mais atualizado desse sistema. Na versão atual, um cliente que sofreu fraude pelo Pix pode acionar o MED por meio do banco. Ao ser acionado, o mecanismo rastreia a conta de destino dos recursos e, se o dinheiro seguir disponível, ele é bloqueado para devolução ao cliente prejudicado.
Segundo o diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, Renato Gomes, a limitação ocorre porque os recursos são transferidos para uma conta e imediatamente repassados para outras, inviabilizando o bloqueio.
Assim, a recuperação de recursos por meio do MED chega a apenas 7% dos fundos. Com a nova versão será possível congelar e devolver recursos que estiverem em níveis mais baixos. Ou seja, quantias que foram para outras contas após a transferência original. O diretor do BC afirmou que o upgrade do MED começará a funcionar em dezembro, com adesão opcional pelos bancos. Em fevereiro de 2026, a nova versão será obrigatória para todas as instituições.
Outros cuidados
Mesmo com a aprovação do Pix automático, o consumidor poderá cancelar o pagamento até a meia noite do dia anterior à cobrança. De acordo com as regras do BC, no dia do vencimento, o sistema faz até duas tentativas de cobrança. Se não houver saldo suficiente na conta, outras três tentativas serão realizadas nos dias seguintes.
Quando o pagamento for feito com atraso, os juros e a multa serão incluídos na cobrança seguinte. Em caso de erros ou suspeitas de fraude, entre em contato imediatamente com a instituição bancária.
Aqui estão outras precauções que podemos tomar com o Pix automático:
- Evite usar redes de internet públicas e certifique-se de que a empresa que você está pagando é legítima;
- A nova função pode ser utilizada para aplicar golpes. Por isso, fique atento a e-mails e mensagens suspeitas e não clique em links ou abra anexos de remetentes desconhecidos;
- Utilize senhas fortes e diferentes para cada conta online;
- Após realizar uma transferência, verifique se ela foi concluída e se o valor foi debitado corretamente.
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