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As novas tarifas do presidente Donald Trump devem resultar em preços mais altos para os consumidores americanos, segundo uma nova análise divulgada nesta quarta-feira (10) pela Universidade de Yale.
O estudo projeta que a política tarifária do presidente pode custar US$ 2.400 (R$ 13.368 na cotação atual) a mais por ano às famílias dos Estados Unidos, caso as novas tarifas sobre cobre e bens de países estrangeiros entrem em vigor e permaneçam ativas. Setores de construção civil e agricultura devem ser negativamente afetados.
Principais pontos
O Budget Lab de Yale divulgou uma análise atualizada projetando o impacto da política tarifária de Trump, considerando todos os anúncios de tarifas feitos até na última quarta-feira (9). Isso inclui novas alíquotas para países como Brasil, Japão e Coreia do Sul, além da tarifa planejada de 50% sobre as importações de cobre.
A combinação geral das diversas tarifas propostas por Trump resulta, segundo a análise, em uma alíquota efetiva de 18% para os consumidores americanos, caso todas as tarifas anunciadas entrem e permaneçam em vigor. Esse percentual representaria a maior taxa tarifária efetiva desde 1934.
Os pesquisadores projetam que as tarifas de Trump podem causar um aumento de 1,8% nos preços ao consumidor americano no curto prazo, o que levaria a uma perda média de US$ 2.400 por domicílio em 2025, em função do aumento dos preços. Esse valor não leva em conta possíveis ações que o Federal Reserve possa adotar em resposta às tarifas, como a redução da taxa de juros, o que poderia afetar ainda mais as famílias americanas.
A análise também indica que as tarifas podem causar uma alta de 0,4 ponto percentual na taxa de desemprego neste ano, além de uma queda de 0,7% no Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA. A manutenção das tarifas pode manter o PIB consistentemente 0,4% menor do que seria sem as tarifas, o que equivale a uma perda de aproximadamente US$ 110 bilhões (R$ 613,7 bilhões) por ano. No entanto, o estudo projeta um crescimento de 2% na manufatura do país.
Quais produtos serão mais impactados pelas tarifas de Trump?
Roupas, têxteis e calçados devem ser os produtos com maiores aumentos de preços como consequência das tarifas, segundo a análise de Yale. Os preços de vestuário e calçados devem subir no curto prazo 37% e 39%, respectivamente, estabilizando em um aumento de 18% no longo prazo.
Os preços de metais, artigos de couro e equipamentos elétricos também devem aumentar no curto prazo em 43%, 39% e 26%, respectivamente. Os preços de veículos automotores, eletrônicos, e produtos de borracha e plástico podem subir entre 11% e 18%.
Os alimentos devem registrar aumentos menores — com destaque para vegetais, frutas e castanhas, com alta prevista de até 6%. No entanto, especialistas avaliam que as tarifas de 50% sobre importações do Brasil podem impactar diretamente o preço de produtos populares do país, como café e suco de laranja.
Número relevante
US$ 2,2 trilhões (R$ 12,2 trilhões). Esse é o valor de receita que as tarifas de Trump devem gerar entre 2026 e 2035, caso as tarifas já anunciadas entrem e permaneçam em vigor, segundo a projeção de Yale. A estimativa considera uma arrecadação total de US$ 2,6 trilhões (R$ 14,4 trilhões), com impacto negativo de US$ 418 bilhões (R$ 2,3 trilhões).
O que ainda não se sabe: como as tarifas de Trump vão mudar
Trump continua emitindo cartas a países estrangeiros impondo novas alíquotas tarifárias, e já cogitou impor tarifas adicionais sobre setores específicos, como o farmacêutico.
A política tarifária do presidente tem sido caracterizada por reviravoltas, o que lhe rendeu o apelido de “TACO Trump”, sigla para “Trump Always Chickens Out” (“Trump sempre recua”), tornando difícil prever como será sua abordagem nos próximos meses.
O novo pacote de tarifas está programado para entrar em vigor em 1º de agosto, mas mesmo países que já receberam notificações com as novas taxas continuam negociando com a Casa Branca na esperança de reduzi-las.
As cartas enviadas por Trump aos países estrangeiros também mencionam que os Estados Unidos poderão impor tarifas mais altas ou mais baixas dependendo do “nosso relacionamento com seu país”.
Aumento de preços
Uma pesquisa separada com empresários realizada pela KPMG, empresa especializada em auditoria, consultoria e assessoria tributária e empresarial, também apontou que os aumentos de preços são prováveis diante das tarifas de Trump.
Entre os 300 líderes empresariais e executivos de grandes empresas entrevistados, 83% afirmaram que planejam reajustar os preços nos próximos seis meses. Mais da metade relatou que já sente a pressão nas margens de lucro por causa das tarifas.
“O impacto completo sobre os consumidores ainda está por vir”, disse Brian Higgins, sócio de consultoria para manufatura industrial da KPMG nos EUA, em comunicado divulgado nesta quarta-feira.
Contexto
Trump fez das tarifas o pilar central de sua política econômica, implementando medidas tarifárias amplas contra praticamente todos os países, apesar de preocupações históricas entre economistas de que isso pudesse elevar os preços para os consumidores americanos e causar uma recessão.
O presidente recuou temporariamente das tarifas mais severas do pacote conhecido como “Dia da Libertação” em abril, após os mercados despencarem com o anúncio inicial.
Ainda assim, ele continuou defendendo sua política, com a Casa Branca apontando dados recentes de inflação e análises que sugerem que, até agora, as tarifas não provocaram aumentos generalizados de preços.
As tarifas voltaram ao centro do debate nesta semana, com o fim do período inicial de 90 dias de pausa nas tarifas mais elevadas se aproximando — prazo que, no entanto, foi prorrogado por Trump até 1º de agosto, junto com o envio de novas cartas impondo tarifas a países estrangeiros.
As novas cartas foram emitidas após o fracasso do plano inicial do governo Trump de negociar acordos comerciais completos durante o período de 90 dias, tendo resultado apenas em três grandes acordos, com Reino Unido, China e Vietnã.
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