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Morreu em São Paulo nesta sexta-feira (18), aos 89 anos, Roberto Duailibi, um dos nomes mais influentes da história da publicidade no Brasil. Fundador da DPZ, agência que marcou a profissionalização e a estética da propaganda nacional a partir da segunda metade do século 20, Duailibi deixa um legado que ultrapassa o campo da comunicação e alcança a cultura, a educação e a formação de lideranças empresariais.
Nascido em 1935, em Campo Grande (MS), era filho de imigrante libanês e foi criado por uma tia em São Paulo a partir dos doze anos. Estudou na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), onde mais tarde viria a lecionar e a dirigir cursos. Formado em 1956, iniciou a carreira no setor de marketing da Colgate-Palmolive, mas rapidamente foi absorvido pela publicidade, então em plena transição de um modelo artesanal para um modelo industrializado.
Nos anos 1960, ocupou cargos de direção criativa nas maiores agências da época, entre elas JWT e McCann Erickson. Em 1968, ao lado de Francesc Petit, José Zaragoza e Ronald Persichetti, fundou a DPZ. O nome da agência é formado pelas iniciais dos sócios – um símbolo da proposta coletiva que orientava a empresa desde sua fundação. A DPZ tornou-se referência por dar protagonismo aos criativos, aproximar a redação da estratégia de marca e estabelecer uma linguagem moderna para a publicidade brasileira.
Foi a partir desse modelo que nasceram campanhas antológicas. Entre elas, o Leão do Imposto de Renda, da Receita Federal; o frango Lequetreque, da Sadia; o Garoto Bombril, interpretado por Carlos Moreno; e o Baixinho da Kaiser. Esses personagens e conceitos transformaram a publicidade em fenômeno popular e posicionaram marcas brasileiras em patamares de reconhecimento semelhantes aos de grandes empresas globais.
A conquista do Leão de Ouro no Festival de Cannes, em 1975, com o filme Homem com mais de 40 anos, foi um marco para o mercado brasileiro e consolidou o prestígio da DPZ fora do país. À época, nenhuma outra agência brasileira havia vencido um prêmio dessa magnitude.
Duailibi também teve papel ativo na institucionalização do setor. Foi presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (ABAP) em três mandatos e assessorou órgãos públicos e instituições culturais, como a Fundação Bienal de São Paulo. Em 2015, foi eleito para a Academia Paulista de Letras, como reconhecimento por sua produção intelectual e literária. Publicou obras sobre marketing, criatividade, comunicação e também antologias de pensamentos e citações.
Ao longo de sua trajetória, defendeu a ideia de que publicidade é muito mais que uma ferramenta de vendas. Para ele, trata-se de um campo que exige visão filosófica, sensibilidade estética e domínio profundo da linguagem. A construção de marcas, segundo sua leitura, exige escuta social e rigor intelectual.
Roberto Duailibi foi o último dos sócios fundadores da DPZ a falecer. Seu velório ocorre neste sábado, 19 de julho, no Cemitério do Morumbi, em São Paulo. Ele encerra uma geração que transformou o Brasil em referência criativa para o mundo e consolidou o mercado publicitário como um pilar econômico e cultural do país.
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