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Danny Meyer ficou conhecido ao abrir uma série de restaurantes sofisticados de sucesso em Manhattan. Primeiro veio o Union Square Cafe, em 1985, quando ele tinha apenas 27 anos. Depois vieram o Gramercy Tavern e o Eleven Madison Park. Esses restaurantes o tornaram famoso, mas foi um carrinho de cachorro-quente que ele abriu em 2001 para arrecadar fundos para um parque público que levou à criação do Shake Shack, a bem-sucedida releitura de hambúrgueres e frozen custards de Meyer. Agora com 585 unidades e receita de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,23 bilhões na cotação atual), o Shake Shack é um gigante do fast food, e Meyer é o mais novo bilionário do setor de restaurantes.
A Forbes estima que o patrimônio líquido do nova-iorquino de 67 anos, nascido em St. Louis, seja de pelo menos US$ 1 bilhão (R$ 5,56 bilhões), graças principalmente à valorização das ações do Shake Shack. Os papéis da rede estão sendo negociados próximos às máximas históricas, com alta de 73% no último ano, impulsionados pelo bom desempenho financeiro e por uma estratégia agressiva de expansão.
Meyer, que não respondeu ao pedido de comentário da Forbes sobre as estimativas, possui cerca de 3,5 milhões de ações, atualmente avaliadas em aproximadamente meio bilhão de dólares. Ele arrecadou centenas de milhões a mais vendendo parte de sua participação no Shake Shack ao longo da última década. Também continua dono de sua coleção de restaurantes reunidos no grupo Union Square Hospitality Group, além de um portfólio diversificado de investimentos com apostas bem-sucedidas como Goldbelly e a rede de cafés Joe.
Meyer se junta a uma lista crescente de bilionários americanos que fizeram fortuna no fast food, incluindo Peter Cancro (Jersey Mike’s), Andrew e Peggy Cherng (Panda Express) e, mais recentemente, Steve Ells (fundador do Chipotle).
Assim como Ells, Meyer começou na alta gastronomia antes de partir para o fast food global. Filho de um consultor da companhia aérea Pan American, cresceu experimentando culinárias do mundo todo graças a passagens aéreas de ida e volta de US$ 44, escritas à mão por seu pai. “Durante os anos de faculdade, eu não podia me dar ao luxo de não voar… para a Itália em qualquer fim de semana prolongado”, ele escreve em seu livro Setting the Table. Após cursar ciência política no Trinity College, planejava estudar Direito.
Na noite anterior ao exame LSAT, Meyer, que havia se mudado para Nova York após a faculdade, saiu para jantar com seu tio Elio no Upper East Side. Ele não estava animado com sua futura carreira e Elio percebeu seu humor sombrio, Meyer contou à Forbes na primavera passada. “Por que raios você seguiria algo que não tem interesse em fazer?”, perguntou o tio.
Meyer percebeu que não fazia ideia do que realmente queria fazer. Por sorte, seu tio sabia: “A única coisa sobre a qual você sempre falou a vida inteira foram restaurantes e comida”, disse a ele. “Abra um restaurante, pelo amor de Deus.”
Em 1985, aos 27 anos, Meyer abriu seu primeiro negócio: o Union Square Cafe, um restaurante americano moderno que combina alta gastronomia com calor e hospitalidade despretensiosos. O café rapidamente se tornou referência na cena gastronômica de Manhattan e continua aberto até hoje.
Apesar do sucesso do primeiro restaurante, Meyer não replicou o conceito em outros locais, como faria mais tarde com o Shake Shack. Em vez disso, expandiu seu portfólio com restaurantes diversos: em 1994, inaugurou o Gramercy Tavern, um espaço de iluminação suave e estética mais rústica que rapidamente lhe rendeu sua primeira estrela Michelin. Depois veio o Eleven Madison Park, no fim dos anos 1990, que representou um passo maior na alta gastronomia e conquistou três estrelas Michelin, além de reconhecimento mundial.
No início dos anos 2000, Meyer já acumulava um portfólio crescente com seis restaurantes renomados espalhados por Nova York. Certamente, não precisava abrir um carrinho de cachorro-quente no meio de uma praça pública para se manter. Mas foi exatamente o que ele fez.
O Madison Square Park não era tão seguro em 2001 quanto é hoje, e a cidade havia pedido a Meyer ajuda para manter o local movimentado.
“O objetivo era arrecadar dinheiro para o parque e dar às pessoas um motivo para usá-lo do começo ao fim do dia”, contou Meyer à Forbes no ano passado.
Mas o carrinho, que destinava parte dos lucros à Madison Square Park Conservancy, rapidamente se tornou popular: “Eu queria ver se poderíamos aplicar hospitalidade a um carrinho de cachorro-quente… e formaram-se filas que davam volta no quarteirão”, disse Meyer ao professor da Wharton, Adam Grant, em uma entrevista.
Mesmo assim, ele esperou três anos para transformar o carrinho em um quiosque permanente, que recebeu o nome de Shake Shack, e mais cinco para abrir uma segunda unidade no Upper West Side.
“Ironia é que as filas só aumentaram”, contou à Forbes na primavera passada. “Foi então que começamos a planejar a terceira e a quarta unidade.”
A partir daí, o Shake Shack rapidamente virou um queridinho de Nova York. Quando abriu o capital na Bolsa de Nova York, em 2015, a rede já tinha 66 unidades em mais de 16 cidades.
Hoje, o Shake Shack possui e opera cerca de 380 lojas nos Estados Unidos e outras 210 unidades internacionais sob modelo de franquia, distribuídas em mais de 15 países. No ano passado, a rede faturou US$ 1,3 bilhão, um aumento de 15% em relação a 2023. O Shake Shack planeja expandir para 1.500 lojas próprias no longo prazo. Em outubro de 2024, o CMO Jay Livingston afirmou que o Brasil fazia parte dos mercados em que a empresa pretende crescer, mas sem definir datas ou localidades concretas. Ele destacou a procura por um licenciante ideal antes de formalizar qualquer inauguração
Meyer detinha mais de 20% da empresa na época do IPO, mas reduziu sua participação para cerca de 4% hoje, por meio de vendas regulares de ações, presumivelmente para diversificar seus investimentos. Ele posicionou o Shake Shack como uma rede “fine-casual”, com hambúrgueres mais sofisticados do que os da concorrência.
Além disso, Meyer investiu em um portfólio diversificado de negócios de hospitalidade por meio do Enlightened Hospitality Investments, um fundo de private equity afiliado ao Union Square Hospitality Group. Foi um dos primeiros investidores na rede de cafés Joe, que hoje tem 23 unidades, e no aplicativo de reservas Resy, adquirido pela American Express em 2019.
Em 2022, ele deixou o cargo de CEO para assumir a presidência executiva do Union Square Hospitality Group e continua atuante na gestão. Segue como presidente do conselho do Shake Shack, cargo que ocupa desde 2010.
“Tudo o que aprendi veio de trattorias e bistrôs. O que mais amava era a sensação de pertencimento a um lugar… isso teve um impacto enorme em mim”, explicou Meyer em uma palestra TED de 2015. Como disse à Forbes no ano passado, “Nunca foi um sonho ter mais de um [Shake Shack].”
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