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Nesta segunda-feira (18), a Moody’s Analytics divulgou uma análise econômica da América Latina para 2025 e 2026. O documento aponta que apesar das incertezas tarifárias, provocadas pelos Estados Unidos, a região mostrou resiliência, destacando-se Argentina, Brasil e Chile. Se para 2025, a tendência é que os resultados sejam melhores que o esperado no início do ano, para 2026, a projeção é de que o crescimento econômico desacelere.
A agência de risco projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano cresça 2,2%, um tímido, mas importante, avanço ante o início do ano, cuja projeção era de 2,1%. Ao ano, o relatório aponta que o avanço foi de 2,3% no segundo trimestre, se comparado ao mesmo período de 2024.
Nos três primeiros meses deste ano, a economia latina registrou um crescimento de 3,1% ao ano, valor acima do projetado pela Moody’s no início do ano, de 2,6%. Para o próximo, a previsão é de um avanço de 2,1%, 0,4 ponto percentual (p.p.) a menos que o previsto inicialmente.
“O crescimento desacelerará à medida que o ambiente externo incerto cobrar seu preço, soma-se a isso o fato das opções de política econômica permanecerem restritas devido à inflação acima da meta e o pouco espaço fiscal na maioria dos países. Um ambiente político e social tenso também dificultará o crescimento”, ressalta a agência.
Resiliência diante do tarifaço
A Moody’s destacou no documento que as tarifas do presidente americano, Donald Trump, ainda domina o cenário econômico da região. Embora destaque que alguns acordos e adiamentos tragam certo alívio, caso da ampliação do prazo de negociação com o México — em 90 dias —, para o país adotar medidas de contenção da entrada de fentanil e imigrantes nos Estados Unidos pelas suas fronteiras. No entanto, diversos produtos mexicanos continuam tarifados.
Outro alívio foi sentido por Chile e Peru, que se beneficiaram com a exclusão do cobre refinado das novas tarifas, sobretudo o primeiro, que tem a maior parte das vendas da commodity direcionadas para os EUA.
Já maior revés, de acordo com a Moody’s, foi o sofrido pelo Brasil que passa a ter uma tarifa efetiva de cerca de 30% — mesmo com a lista de exceções —, algo que deve prejudicar a economia do país no próximo ano. “Com a improvável possibilidade de Lula ou Trump chegarem a um acordo em breve, a Moody’s Analytics assume que as tarifas dos EUA permanecerão em vigor”, afirma a agência, que entende que redirecionar boa parte das exportações deve amenizar os efeitos negativos do tarifaço.
Apesar da política comercial dos EUA ter afetado o mundo, os efeitos na América Latina foram limitados e a alta dos preços, embora esteja acima da meta, indica desaceleração. O cenário que poderia trazer uma dose de otimismo, tem à frente desafios como a agenda eleitoral e as restrições fiscais, sobretudo em 2026. A agência ainda acrescenta que a economia global pode ser afetada pela “incerteza gerada pela guerra comercial e outras políticas dos EUA”. Além disso, há questões específicas de cada país, como as restrições fiscais enfrentadas por Brasil, Colômbia e México.
Panorama por país
A agência destaca que mesmo diante de desafios fiscais e da inflação alta, a economia do Brasil persistiu, graças ao mercado de trabalho robusto, o que contribuiu para a manutenção do consumo das famílias. Nos países andinos, a Moody’s aponta que Chile, Colômbia e Peru tiveram um bom desempenho no primeiro semestre. Os países deram continuidade ao processo de recuperação econômica, após medidas para desacelerar a economia, adotadas em 2023.
Além do alívio da taxa americana sobre o cobre, a commodity registrou altas históricas no primeiro trimestre, o que impulsionou a indústria da mineração chilena e fortaleceu a economia do país. Cenário bastante semelhante ao do Peru, onde a inflação está controlada e o mercado de trabalho aquecido, o que contribuiu para o aumento no consumo das famílias. Na Colômbia, a queda do desemprego ajudou a economia. O país ainda convive com uma alta inflação e condições monetárias restritivas.
Já na nossa vizinha Argentina, a Moody’s entende que o programa de estabilização adotado tem surtido efeitos positivos, “com a inflação caindo drasticamente desde o final de 2024 e o crédito crescendo fortemente”. A agência aponta que a tendência é que o país continue recuperando-se de forma sólida em 2026.
O mesmo não pode ser dizer do México, um dos principais parceiros comerciais do país. Além de sofrer consideravelmente com as altas taxas americanas, o país também vem cortando os gastos públicos. A economia mexicana ainda encara uma queda nos investimentos e nos empregos formais. “O desempenho do México, no segundo trimestre, dificilmente foi algo a ser comemorado. O aumento dos gastos sociais e uma queda menor do que o esperado nas remessas ajudaram a estabilizar a renda e os gastos das famílias, mas o investimento continua em queda livre”, escreveu a agência. Para 2026, a Moody’s acredita o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) deve desacelerar, o que deve pesar na economia.
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