Jerome Powell Sinaliza Possível Corte de Juros, Agrada Trump e Bolsas Disparam

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O aguardado discurso de Jerome Powell na conferência anual do Federal Reserve, Jackson Hole, trouxe uma surpresa positiva para o mercado. Se antes todos aguardavam com apreensão a fala do chefe do Fed, agora respiram aliviados. O banqueiro central indicou que o corte de juros está a caminho, ainda que com cautela. Ele apontou que o mercado de trabalho segue resiliente e há riscos de que a inflação suba mais.

“Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, ele é algo curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores. Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E, se esses riscos se materializarem, poderão fazê-lo rapidamente”, disse o presidente do Fed. “No entanto, também é possível que a pressão de alta sobre os preços, devido às tarifas, possa estimular uma dinâmica inflacionária mais duradoura, e esse é um risco a ser avaliado e administrado”.

Jackson Hole sempre é um evento de destaque no calendário econômico, mas neste ano ganhou uma camada extra de tensão. Nos últimos meses, o presidente americano, Donald Trump, tem elevado o tom contra a política monetária restritiva do BC e ameaçado demitir Powell a todo momento.

“A estabilidade da taxa de desemprego e outras medidas do mercado de trabalho nos permitem prosseguir com cautela ao considerarmos mudanças em nossa política monetária. No entanto, com a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar ajustes em nossa postura”, destacou Powell. Segundo ele, o impacto das tarifas sobre a inflação deve cair.

Alguns membros, incluindo o diretor Christopher Waller, argumentam que o impacto será modesto e de curta duração, e que os cortes de juros são necessários agora para proteger um mercado de trabalho enfraquecido.

Desde dezembro, a margem americana de juros está entre 4,25% e 4,50%. Em meio a isso, autoridades monitoram os impactos da política tarifária de Trump sobre a inflação do país, que já está acima da meta de 2% e deve permanecer em ascensão.

Diante dos comentários do presidente do Fed, a possibilidade de um corte de juros cresce para o próximo encontro, que deve ocorrer no dias 16 e 17 de setembro. O cenário ainda indica que uma atenuação no âmbito administrativo sobre a antecipação do fim do mandato de Powell.  Em suas redes sociais, Trump comemorou o discurso com o seu já conhecido slogan de “Make America Great Again. A mensagem foi lida como positiva.

Tensão com Trump

Desde sua volta à Casa Branca, o presidente americano vem tecendo duras críticas a Powell e sua equipe, na expectativa de eventuais renúncias para a nomeação de novos membros de sua preferência. Nesta semana, inclusive, Trump elevou o tom, mostrando seu descontentamento. O chair, no entanto, só pode ser demitido em situações graves, como má conduta ou violações.

Vale lembrar que, em seu primeiro mandato, o presidente dos EUA promoveu Powell de um cargo na diretoria para a presidência da autarquia, mas logo começou a criticá-lo. O líder do Fed permaneceu no cargo para um segundo mandato de quatro anos, a pedido do então presidente Joe Biden (Democratas).

O mandato de Powell chega ao fim em maio do próximo ano. No Jackson Holle, ele anunciou uma nova estrutura estratégica do Fed, enfatizando que seu mandato de emprego máximo depende da estabilidade de preços.

Wall Street em festa

Após o discurso de Powell, os principais índices de Wall Street disparam mais de 1%, com os operadores apostando na queda dos juros em setembro. A projeção dos agentes do mercado para o evento saltou para quase 90%, ante 75%. Dow Jones se aproximava dos 2% de alta, enquanto S&P 500 avançava 1,56% e Nasdaq, 1,88%.

No Brasil, o dólar recuou mais de 1% em relação ao real. Pelo mundo, o índice da moeda americana — que a compara em relação a outras seis divisas — caía 0,76%.

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