Queda do Dólar a R$ 5,29 Não É Apenas Reflexo do Provável Corte de Juros nos EUA

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Na quarta-feira (16), o Federal Reserve (Fed) decidirá se o juros nos Estados Unidos será mantido ou não entre 4,25% e 4,50%. A perspectiva é de que a autarquia reduza os juros em 0,25 ponto percentual (p.p.). Em paralelo a isso, no mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) também se reunirá para decidir os rumos da Selic. A projeção é de que ela seja mantida em 15%. Se o cenário se confirmar, o Brasil ficará mais atrativo para os investidores e isso tem influenciado a queda do dólar ante o real.

Até o momento em que esta matéria foi concluída, a divisa americana se encaminhava para o seu quinto dia seguido em queda. Só nesta semana, o dólar recuou 0,61%, enquanto no mês 1,86% e, no ano, 13,89%. Só que o fenômeno não é apenas baseado neste contexto de política monetária. Outros fatores também têm influenciado no enfraquecimento da moeda dos EUA, já que ela vem recuando também perante outras divisas no exterior. Até o momento, comparado a moedas mais fortes, o dólar americano caiu 10,94% no ano

Cenários domésticos e insegurança

Tanto Brasil quanto Estados Unidos mostram indícios de arrefecimento na economia, mas de formas diferentes. Por aqui, além da taxa de juros alta, a inflação — medida pelo Índice Brasileiro de Preços ao Consumidor (IPCA) — está em 5,13%, o que vem impactando significativamente no consumo das famílias e, por consequência, enfraquecendo o fluxo de vendas de produtos e serviços. Além disso, o número ainda está acima da meta perseguida pelo BC, de 3%, com margem de tolerância de 1,5 p.p. para mais ou para menos. Em julho, as vendas varejistas caíram 0,3% na comparação mensal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a produção industrial recuou 0,2%.

Por outro lado, o mercado de trabalho vem mostrando alta resiliência. Segundo dados divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, no trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego no país chegou ao seu menor patamar da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datada de 2012, a 5,6%, com 102,4 milhões de brasileiros empregados.

Já nos EUA, a inflação vem subindo, em parte como reflexo da política tarifária imposta pelo presidente americano, Donald Trump. Isso somado ao fato de que o país vem crescendo mais lentamente indica uma possível estagflação. Atualmente, a alta dos preços está em 2,9%, a maior taxa desde janeiro. Além disso, as solicitações de seguro-desemprego subiram na semana encerrada em 6 de setembro, chegando a 263 mil, um aumento de 27 mil pedidos em relação à anterior.

As tarifas de Trump também estão trazendo incertezas e insegurança para o país, algo inclusive pontuado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, que foi duramente criticado por Trump, desde sua volta à Casa Branca. Recentemente, o presidente dos EUA tentou demitir a diretora da autarquia, Lisa Cook, algo que nunca tinha acontecido na história do país. A decisão, porém, foi barrada pela justiça americana.

Apesar disso, o crescimento econômico nos EUA avança. Nesta terça-feira (16), dados divulgados pelo governo mostraram que as vendas no varejo subiram 0,6%, enquanto a produção industrial avançou 0,2%.

Opinião dos especialistas

Para Nicolas Borsoi, economista da Nova Futura, o antagonismo entre o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e o Copom, combinados aos fatores domésticos de Brasil e EUA explicam o enfraquecimento do dólar. Para ele, no entanto, há a perspectiva de que lideranças do Fed divirjam do corte. Isso porque Stephan Miran, senador e aliado de Trump, recém-chegado para substituir Adriana Kugler, participará das reuniões do Fed e pode sugerir um corte mais profundo, de 0,50%.

Questionado se a tendência é que o dólar siga em queda, Borsoi acredita que não. “Acho que são fatores que devem continuar nas próximas semanas, mas não vejo espaço para grande apreciação do real. Creio que R$ 5,20 já corresponderia a um cenário muito positivo”, aponta.

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