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O Santander avalia que nos meses de julho, agosto e setembro, equivalente ao terceiro trimestre deste ano, a economia perdeu força, mas a inflação começou a ceder, abrindo espaço para que o Banco Central comece a cortar os juros no início de 2026. Os dados são do relatório Equity Strategy Insights, divulgado nesta segunda-feira (27).
As projeções para os balanços corporativos relativos ao terceiro trimestre de 2025 é de recuo médio de 16% no lucro líquido em relação ao mesmo período do ano passado, com leve alta na receita e no faturamento operacional (EBITDA).
Um ponto elencado é que a economia brasileira começou a mostrar sinais mais claros de desaceleração, especialmente em julho. Como resultado, a equipe macroeconômica do Santander reduziu a projeção do PIB do terceiro trimestre de 2025 para +0,2% em relação ao trimestre anterior.
Apesar da inflação dos últimos 12 meses ter acumulado 5,2%, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), superando o teto da meta da inflação (4,5%), a valorização do real está ajudando a aliviar as pressões inflacionárias, especialmente sobre os preços dos alimentos. Isso, segundo o Santander, contribuiu para a queda nas expectativas de inflação para o fim de 2025.
O foco fiscal doméstico foi outro ponto de atenção no período, já que os investidores estavam de olho nas medidas fiscais que deveriam ser anunciadas para compensar a perda de arrecadação devido ao fim da Medida Provisória 1.303. A medida, que caducou, visava taxar instrumentos hoje isentos, tais como LCIs e LCAs, fundos de investimento, e receitas de apostas esportivas. Até agora o governo federal não detalhou como fará para cobrir um rombo estimado em R$ 30 bilhões.
Cenário global
O trimestre foi novamente marcado por incertezas geopolíticas, sobretudo na dinâmica do comércio global, segundo o banco. Os EUA anunciaram uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras no início de julho, embora o impacto econômico tenha sido limitado.
Outro ponto foi o início do ciclo de cortes de juros pelo Fed (Federal Reserve). No dia 17 de setembro, o Fed anunciou o corte de juros de 0,25 ponto percentual, reduzindo-os da faixa entre 4,5% e 4,25% para o patamar entre 4,25% e 4,0%.
Expectativa para o terceiro trimestre
O relatório do banco indica que os resultados corporativos venham a mostrar um recuo médio de 16% no lucro líquido em relação ao mesmo período do ano passado, com leve alta na receita e no faturamento operacional (EBITDA). Os números indicados no relatório são os seguintes:
- Receita líquida: aumento médio de 7%:
- EBITDA: aumento médio de 3%;
- Lucro líquido: queda média de 16%
Para os setores domésticos especificamente, a projeção foi de aumento de 10% na receita líquida e 9% no EBITDA, e uma queda de 8% no lucro líquido.
A principal conclusão é que o terceiro trimestre de 2025 provavelmente marcarão o ponto mais baixo do crescimento do lucro líquido.
Destaques setoriais e empresas
Setorialmente, o Santander avalia que metais e mineração tragam resultados sólidos (EBITDA do setor aumentando cerca de 30% em relação ao ano anterior), apoiados por preços mais altos, custos estáveis e volumes crescentes. Celulose e papel podem vir a apresentar resultados neutros a negativos, com uma queda de 12% no EBITDA em relação ao ano anterior, devido aos menores preços da celulose.
No setor de bancos, Itaú e Bradesco devem manter um bom momento, mas o Banco do Brasil pode apresentar desempenho abaixo das expectativas. Já o varejo poderá refletir uma desaceleração impulsionada por fatores macroeconômicos, embora nomes como SmartFit e Vivara sejam vistos como resilientes, segundo diz o relatório.
Em relação às empresas, os destaques positivos e negativos projetados pelo Santander são os seguintes:
Positivos
- Bradesco: lucro líquido recorrente de R$ 6,3 bilhões, alta de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.
- Direcional: margem bruta acima de 40%, com expansão de mais de 200 bps (pontos de base);
- Cury: lucro líquido de R$ 243,1 milhões, avanço de +42,5% em relação ao terceiro trimestre de 2024;
- SmartFit: crescimento da receita bruta projetado em 30%;
- Rede D’Or: forte crescimento de receita e significativa expansão da margem EBITDA.
Negativas
- Banco do Brasil: lucro líquido ajustado de R$ 3.714 milhões, 8% abaixo do consenso;
- Ambev: EBITDA projetado em R$ 6,2 bilhões, 11% abaixo do consenso;
- Suzano: EBITDA de R$ 5,3 bilhões, queda de -13% em relação ao mesmo período de 2024.
Bolsa
O relatório do Santander também indica que o Ibovespa seja negociado na faixa de 142 mil a 148 mil pontos até que o fluxo de capital estrangeiro mais forte se materialize, o que deve ocorrer provavelmente por volta de janeiro de 2026.
Conforme revelou reportagem da Forbes em setembro deste ano, época em que o índice alcançou sucessivos recordes, o investimento internacional era quem patrocinava esse desempenho, principalmente pelo fato B3 não ter registrado IPOs e nem grande ofertas de ações.
Segundo o Santander, em 2026, uma quebra acima de 148 mil sinalizaria potencial para o índice alcançar 155 mil pontos.
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