Incertezas Provocadas por Tarifas Mantêm Ritmo de Alta do Dólar

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O clima de incerteza persistiu nesta segunda-feira (14), enquanto agentes aguardam o desfecho das ameaças tarifárias de Donald Trump contra diversos, inclusive o Brasil. Na última quarta-feira (9), o presidente americano comunicou que pretende taxar as importações brasileiras em 50%.

O governo brasileiro pretende dialogar com os EUA para reverter a situação, mas caso o diálogo não avance, deve lançar mão da lei de reciprocidade, prevista pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e que deve ser assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda nesta segunda. O dispositivo permite que o Brasil responda às tarifas com retaliações.

Desde então, o dólar vem avançando, enquanto o Ibovespa permanece em queda há seis sessões. No final do pregão desta segunda, a moeda americana à vista encerrou o dia em elevação de 0,69%, aos R$ 5,5865, no maior valor de fechamento desde 5 de junho, quando encerrou em R$ 5,5871. Só nos últimos quatro pregões, a divisa acumulou avanço de 2,57%. O Ibovespa, por sua vez, somou 135.298,99 pontos, uma queda de 0,65%.

Ainda no dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou dados do Índice do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Em maio, o índice caiu 0,7% em relação a abril, sendo a primeira retração em 2025. O resultado superou a expectativa que já era pessimista.

Enquanto isso, no exterior, após anunciar tarifas contra a União Europeia e o México no final de semana, Trump ameaçou nesta segunda-feira impor sanções aos compradores de petróleo russo, a menos que a Rússia aceite um acordo de paz em 50 dias. A notícia gerou novas tensões nos mercados e pressionou os preços da commodity, inclusive o petróleo, que teve queda de US$ 1,00 (R$ 5,58) no mercado externo.

Em Nova York, contudo, os índices de ações resistiram à nova rodada de ameaças do republicano e fecharam em alta, após uma abertura mista. Investidores mantiveram suas convicções diante de uma semana agitada, marcada por indicadores econômicos e pelo início da temporada norte-americana de resultados corporativos.

Destaques

– VALE ON recuou 1,14%, na contramão dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,26%, a 766,5 iuanes (R$ 596,60) a tonelada. Na noite de sexta-feira (11), o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) disse que o setor pode reavaliar para baixo seus investimentos no Brasil até 2029, em razão das tarifas de 50% de Trump sobre produtos brasileiros. Se confirmadas, disse o instituto, as tarifas afetarão “significativamente a indústria da mineração nacional”.

– PETROBRAS PN caiu 1,32%, seguindo a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent fechou com variação negativa de 1,63%, com agentes financeiros digerindo as ameaças de Trump contra a commodity, que podem afetar a oferta global. No setor, PETRORECONCAVO ON cedeu 0,9%. Na contramão, PRIO ON avançou 0,4% e BRAVA ENERGIA ON subiu 2,02% — esta última tendo no radar anúncio de emissão de até R$3 bilhões em debêntures simples para amortizar dívidas.

– BRF ON caiu 4,55%, no segundo pregão seguido de baixa. O fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, anunciou que encerrou sua participação na BRF, antecipando possíveis impactos negativos decorrentes da eventual incorporação de BRF e MARFRIG ON, que encerrou com estabilidade. As empresas realizariam nesta segunda assembleia para deliberar sobre a fusão, mas tiveram o encontro adiado, ainda sem uma nova data. No setor, MINERVA ON recuou 2,42%.

– ITAÚ UNIBANCO PN apresentou retração de 0,17%, enquanto BTG PACTUAL UNIT cedeu 0,56%, BANCO DO BRASIL ON caiu 2,18%, e SANTANDER BRASIL UNIT recuou 2,05%. Na ponta positiva, BRADESCO PN fechou com valorização de 0,37%.

– EMBRAER ON caiu 0,89%, sem conseguir manter o sinal positivo observado no começo do pregão, marcando seu sexto pregão consecutivo de queda. O setor aeroespacial é apontado como um dos mais suscetíveis às tarifas impostas por Trump, já que os EUA representam uma fatia significativa da receita da fabricante brasileira de aeronaves.

– HAPVIDA ON avançou 3,03%, interrompendo uma sequência de cinco sessões no vermelho. Analistas do Itaú BBA reiteraram no domingo recomendação “outperform” para a ação, projetando um rendimento do fluxo de caixa livre para o acionista de 10% em 2025 e 11% em 2026.

– ALLIANÇA SAUDE ON, que não está no Ibovespa, subiu 6,33%, após avançar até 10,41% no melhor momento, na esteira de anúncio da compra de sociedades do Grupo Meddi por cerca de R$ 252 milhões, com parte significativa da transação sendo paga por meio da entrega de ações, enquanto o valor remanescente será diferido ao longo de cinco anos. Em fato relevante, a empresa disse que o baixo nível de endividamento do Grupo Meddi contribui diretamente para o fortalecimento do balanço da companhia, reduzindo sua alavancagem consolidada.

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