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Em linha com o que vinha sendo precificado pelo mercado, o Federal Reserve, banco central americano, anunciou nesta tarde um corte de juros de 0,25 ponto percentual na taxa dos Fed Funds — reduzindo-os da faixa entre 4,5% e 4,25% para o patamar entre 4,25% e 4,0%.
Essa é a primeira vez que o Federal Reserve corta juros em 2025. O ciclo de cortes havia sido interrompido após a política tarifária de Donald Trump trazer incertezas ao balanço de riscos da autarquia.
O movimento já era amplamente aguardado pelo mercado. Nesta manhã, a ferramenta Fed Watch, do CME Group, que mede as estimativas do mercado para a decisão, apontava para quase 97% de chances de um corte de 0,25 ponto percentual.
Outra projeção que se confirmou foi a falta de unanimidade entre os membros votantes. Stephen Miran, indicado por Trump, tomou posse ontem (16), e, alinhado aos pedidos do presidente, defendeu um corte de juros mais amplo — de 0,5 p.p.
No gráfico de projeções trimestrais, a média aponta para uma taxa de juros de 3,6% no fim do ano — indicando pelo menos dois novos cortes até dezembro.
Logo após o fim da coletiva de Powell, o FedWatch apontava uma probabilidade de 91% de um novo corte de 0,25 p.p na reunião de outubro. Outros 8% acreditam na estabilidade dos Fed Funds e 1% restante acredita em uma queda de 0,5 p.p.
As pedras no sapato
Apesar da retomada nos cortes, o comunicado aponta que uma nova redução nos juros dependerá da evolução dos principais dados econômicos que medem a inflação e o mercado de trabalho americano.
“O Comitê busca atingir o pleno emprego e inflação a uma taxa de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas permanece elevada. O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos negativos para o emprego aumentaram”, explica o comunicado.
Os diretores também deixaram claro que estão prontos para mudar a direção da política monetária caso sintam que novos riscos emergiram — seja devido a danos negativos de inflação e emprego ou novos desdobramentos internacionais e financeiros.
Em agosto, foram apenas 22 mil postos de trabalho registrados. Parte da fraqueza tem sido creditada à política tarifária e de imigração de Donald Trump. Ao todo, cerca de 1 milhão de empregos foram eliminados em 12 meses.
Já a inflação americana tem surpreendido positivamente, com deflação nos preços ao produtor e alta em linha com o esperado para os consumidores — por mais que algumas das tarifas anunciadas pelo governo tenham efetivamente entrado em vigor.
Em sua coletiva de imprensa para comentar o resultado, o presidente do BC americano, Jerome Powell, apontou que as tarifas impostas aos demais países pressionam a inflação e podem afetar o mercado de trabalho, mudando o balanço de riscos do BC.
Apesar do impacto das tarifas, Powell reforçou que o maior efeito na criação de vagas está mais ligada às políticas de imigração, que pressionam as vagas existentes e a eliminação dos postos de trabalho. O corte nos juros serviria para agir nos impactos inflacionários que freiam as novas contratações.
“Estamos em um momento de analisar os dados encontro por encontro […] As decisões serão feitas olhando para o balanço de riscos”, completou Powell ao ser questionado se a autarquia já estaria em uma trajetória de buscar um patamar de faixa neutra.
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